A proximidade dos cães e dos homens vem aumentando a cada dia. Em virtude dessa proximidade, pode ocorrer a descaracterização do comportamento natural e instintivo dos animais, o que faz com que eles adotem o comportamento dos humanos que vivem à sua volta. Isso pode se tornar um transtorno para donos que não conseguem compreender e resolver o problema de seus animais. Daí surge a importância do profissional em comportamento animal, o que muitas pessoas chamam de "psicólogo de bichos".
Se o seu animal tem algum problema de saúde, você procura um veterinário, mas se ele demonstra comportamento estranho, inadequado, algum distúrbio de personalidade ou alguma síndrome de comportamento? Fica complicado resolver o problema sem ajuda de um profissional especializado.
Precisamos ter muita cautela ao acreditar que um adestrador possa resolver problemas de comportamento. A maioria dos adestramentos ensina comandos básicos de obediência, como: senta, deita, fica, etc.. O profissional qualificado ensina esses comandos ao cão com técnicas de estímulo positivo, que não agridam e respeitem a personalidade do animal.
Cabe ao dono, o que é difícil, diferenciar se o cão realmente precisa de adestramento, ou se ele possui problemas de comportamento que o adestramento não resolverá.
Acabo observando técnicas empregadas por adestradores que às vezes funcionam e às vezes são desastrosas. Devemos entender que o adestramento pode funcionar como um tratamento isolado e indicado para alguns tipos de problemas, mas ele não funciona para resolver problemas de comportamento, como liderança mal estabelecida, distúrbios de higiene, síndrome da separação, síndrome da solidão, distúrbios da agressividade ou provenientes de traumas. Nesses e em tantos outros casos, o adestramento até pode ser somado com o tratamento psicológico, mas nunca ser usado como única forma para resolver o problema.
Existem muitos tipos de tratamentos e terapias que costumam ser eficazes quando os donos participam, seguindo à risca o indicado. Costumo dizer que em 95% dos casos que atendo, o problema do animal é gerado por conduta inadequada dos proprietários que descaracterizaram o animal no seu comportamento natural, por excesso de mimos ou por negligência. Na maioria dos tratamentos que envolvem esses casos, começo sempre por tratar os donos, modificando a sua postura perante as atitudes do animal.
Baseando-se no perfil psicológico de cada animal, respeitando a individualidade de cada um, cria-se um adestramento personalizado, que trata e resolve com sucesso a maioria dos problemas, de forma permanente e sem traumas para proprietários e animais.
A maioria dos problemas de comportamento de cães adultos é gerada na infância.
Uso muito o adestramento educativo de filhotes, que visa condicionar o cão, desde cedo, ao convívio social do qual participará por muitos anos. Levando em consideração que cada família é diferente uma da outra e o papel que esse animal desempenhará nessa família também, é importante que isso seja estabelecido desde a idade infantil.
Por acreditar que tudo deva ser planejado, desenvolvi uma pesquisa da raça ideal para cada pessoa ou família. O método visa decidir que tipo de animal, raça, e até mesmo sexo, seriam adequados. Se todos adotassem essa postura responsável e abandonasse o impulso de ser cativado por uma coisinha peluda, de rabinho abanando, sem saber o que aquele "montinho de pelos" vai ser quando crescer, quanto irá comer, quais serão as suas necessidades de trato diário, acredito que seria evitado a maioria dos abandonos que se vê por aí.
Os casos que não possuem solução são casos graves, mas raros e fáceis de serem identificados por um profissional qualificado.
Cada indivíduo tem necessidades únicas e todo cão possui um padrão físico e psicológico. Até mesmo os adoráveis vira-latas, que possuem um padrão psicológico muito estabelecido, maravilhoso e encantador, que certamente não encontramos completos em nenhuma outra raça. Deus é sáio, e os bichos também são, nós e que estragamos tudo, por não usarmos o bom senso!!!!
Se você possui um animal e acredita que ele esteja desenvolvendo problemas de comportamento, o mais adequado e prudente e não esperar que o problema se agrave, o que ocorre quando não se dá a devida atenção a ele. Não se desespere, são muito raros os casos que não têm solução, exceto quando os proprietários não seguem o tratamento à risca. E fica aqui uma última ressalva.
Kyra
Adriana de Oliveira
Especialista em comportamento animal